domingo, 12 de julho de 2015



DUOTONE

Somos noite e escuridão, sol e luz.
Sólido e líquido, poeira e vapor.
Somos amor e cólera, guerra e paz.
Acima de tudo, somos corpo e espírito.
O dualismo é um grande desafio, é perturbador.
Por mais difícil que seja balancear os opostos, isto faz parte da realidade, e o homem torna-se um problema para si mesmo.
Somos feitos de antônimos, que buscam se compatibilizar na singularidade de um único ser.
Compreender os extremos, unir os contrapontos, esclarecer o princípio e o fim...quanto segredo!!!
Indo um pouco além, como desvendar o nada de onde tudo começou, e da mesma forma assimilar o infinito? Referências extremas...
Como Goethe já sugeriu, talvez tenhamos que renunciar a própria existência para poder existir. 
Um desatino ao meu ver.
A lógica de tudo isso ultrapassa o entendimento comum. São questões que esbarram na Metafísica.
Ainda que diante de conflitos conceituais e existenciais, estar aqui como espírito em experiência material é um milagre incontestável.
Não obstante, como já sugerido, somos personagens de conteúdo paradoxal, talhados na dualidade, e criados para atuar num cenário muito complexo, e até certo ponto incompreensível.
Creio que uma só vida não decifraria tantos questionamentos, e muito menos seria suficiente para vivenciar tantas maravilhas sonhadas e desejadas pelo homem.
Pensando bem, a despeito da fé, talvez a eternidade seja realmente possível, se vivida em etapas, num contexto de evolução e aprimoramento humano, regidas por um ser inexplicável. Esse DEUS em que tantos creem, inclusive eu.
Viver, morrer, reviver, renascer, representam ambiguidades transcendentais, que conduzem o que somos e para onde vamos.
Sinceramente, como é difícil alcançar o sentido de tudo isso e equilibrar-se entre calmarias e tempestades, sensatez e loucura, entre dúvidas e certezas, o belo e o bizarro,  entre o sim e o não, o bem e o mal.
De qualquer forma, estar vivo aqui e agora, respirando, andando, com todo o sensório preservado, é a melhor parte de todas as contradições e desordens inerentes à condição humana.

Shalom ! _/\_

(TEGF)





sábado, 6 de junho de 2015




  Case para viver uma eterna união; se descasar , não perca a compostura

Acredito na sabedoria do amor verdadeiro.
Sabe esse que não acaba, independente das circunstâncias?! Pois é...
Um bom casamento é forma de felicidade mais verdadeira e plena.
Contudo, se chegar ao fim, à despeito da tristeza e do lamentável, que seja com cuidado
.
Separar-se é um ato de amor quando se entende que, ao consumir-se toda a autenticidade própria e a do outro na relação, a ponto do avesso mútuo tornar-se intolerável, existe o risco de devastar o que, até então, era o motivo do viver um para o outro.
Em sendo o desgaste inevitável, perto da ruína, ou antes de se perder o respeito e a dignidade no vínculo, nada mais sensato do que tentar "desligar" o sentimento conjugal, já machucado, e transformá-lo em outras formas de amor.
A separação\ divórcio, não raro, podem ser palco de contendas e ressentimentos. 
É inacreditável testemunhar pessoas, outrora cúmplices e amantes até a última gota de sangue, que de repente assumem lados opostos, empunhando armas e intenções destrutivas para aniquilar o outro!
O amor legitimo, apesar do afastamento, deseja que o outro seja feliz da forma que for.
Já o "amor" possessivo, que não é amor, não aceita estar fora do cenário de felicidade de quem já foi parceiro íntimo, sacramentado, com firma reconhecida em cartório.
Só ama, dentro da dinâmica previsível que o tempo impõe aos sentimentos, quem consegue adaptar a sua ligação afetiva à nova situação de um descasamento, em nome do que já foi o foco da  própria vida, e assim, sem dúvidas, com chance de ser eterno.
Se for separar, não se divorcie do respeito, da consideração, da ternura, da honra, e de tudo o que envolve a passagem que foi a  mais importante da sua vida (para quem assim considerar).
Como desmerecer, destruir ou ignorar a história que o construiu como pessoa, que o presenteou com filhos, amor, amizade, cumplicidade, prosperidade, e tudo o que edifica o sentido  de ser família e viver?
Meu amigo, minha amiga, se você menospreza ou tripudia a pessoa que o(a) acompanhou e fez parte da sua vida por tanto tempo, despreza o ex casamento, e até mesmo os filhos dessa relação, sinto dizer-lhe, mas o seu melhor adjetivo seria "debilitado(a) e raso(a)". De forma simples: um homem com "h" bem minúsculo, ou uma mulher com "m" insignificante.
A quem for, desejo um bom casamento, ou então, uma digna e respeitosa separação, porque afinal, juntos ou não, amar é para os fortes!


(TEGF)



                                  https://youtu.be/YD-HsO0qqzE

 " Noturnos de Chopin"- Coerente com a postagem. Na minha visão, ele consegue interlaçar sentimentos contraditórios: uma certa nostalgia que remete à alegria que há nas tristezas ! (T)




domingo, 15 de março de 2015








Se fosse na sua época, senhor Guillotin...

Rolariam muitas cabeças
Afogar-se-ia a corrupção
Desse governo às avessas
Engodo sem restrição

Falcatruas, roubo, peculato
Um poder insensato
Levando o país pro buraco
Nada de trégua ou recato

Um Brasil abandonado
Sem saúde, sem escolas
À deriva, sem amparo
Salvação que demora

Populismo falseado
Ditadores camuflados
Livres pra afanar
O que lutamos pra ganhar

Revolução Francesa,
Implantou a guilhotina
Dantesco, insano 
Mas excluiu tiranos


Se ainda existisse
Justiça no fio lâmina
Não faltariam pescoços
Nesse horrendo mar de lama

Hoje forças se conjugam
Num brado de revolta
Vamos pra rua!!!!
E que venha a reviravolta

Impeachment, impedimento
Quem sabe uma vez mais
Acabe o sofrimento
Dessa Pátria em tormento

Não prego a violência
Mas tantas medidas em vão
Não debelam a vil prepotência
Dessa cúpula sem consciência

Fé e confiança não morrem
Muito menos a coragem 
E a vontade de aniquilar
Toda essa trambicagem

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido 
De amor e de esperança à terra desce, 
Num desejo de clareza e homens limpos 
Nesse combate, seus filhos não desvanecem


( TEGF  \\ linhas do Hino Nacional)
















domingo, 8 de março de 2015
















Mulher de verdade, 
mais preciosa do que jóia!


Da mulher nasce um poema
Na imagem que encanta
No sorriso que abrilhanta
Mistério ou  problema ?

Obra da criação
Simples, complexa
Em grande parte é refúgio
Ou parceria completa

Tão forte se levanta
Após a queda suplanta
Revezes que surpreendem
Desafios que de praxe vence

Candura de menina
Esplendor de mulher
Protege, acalanta
Sedutora quando quer

Para o amor se entrega
De corpo e coração
Cuida da família
Com toda a devoção















No trabalho se esmera
Quase sempre se supera
Idéias fortes, sentimentos
Se entrelaçam muito intensos

Nos sonhos ou na real
É sensível e natural
Nunca, jamais subestime
Essa guerreira surreal!

A vocês, meninas
Neste dia sem igual
Dedico essas rimas
Com um toque especial!

E assim MULHER
Lembre-se do que digo agora
Sempre é hora de aprender
E do que fez, nunca se arrepender...

Se aquele alguém se foi, nada de lamentar
Deve sim comemorar o quão preciosa é
Pois quem de fato perdeu
Foi esse alguém que nunca a mereceu!

(TEGF)





















domingo, 1 de março de 2015



UM POUCO MAIS DE ALGUMA COISA



Poetizei as flores, as dores, os amores
Cantei, da vida, os sabores, em pormenores
Num instante, o silêncio da rua vazia
Ouvindo rumores e conversas frias,
Os lamentos de almas arredias
Por essa parte do mundo, de falas menores
Sentimentos algozes, intenções ferozes
Sou empurrada para um universo íntimo
À margem de um todo nublado, cansado
Repetido, não muito remediado
Então me vejo num reflexo lá fora,
No qual encontrei, conheci e senti um pouco mais de alguma coisa...
Me vendo naquilo que passou por mim
Daqui e dali, por aí
Confrontando o meu íntimo mistério,
Quase inconfessável, abalável
Sensível e inevitável
Não vou atrás do que acontece
Se acontece, nada muda, ou só um pouco
Porque o mundo gira, tudo começa e termina...
O que é sublime, ah, isso não deveria acabar
E o que for diferente disso, nem deveria começar!
(TEGF)































quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015







Não é por acaso que o acaso acontece!

Sina, imprevisto, um capricho inteligente da vida ?Quem é quem sabe ?
Mas é perceptível que os melhores acontecidos aparecem sem dia ou hora marcados.
Fatos frequentes do acaso: o incerto se acerta, o vazio se preenche, o dilema se resolve.
Até parece um futuro pressentido que se desenlaça,  bem como  uma inteligência onisciente que calcula tudo para que haja êxito, ou se feche um ciclo.



























Abrir-se para o acaso nos permite usufruir daquilo o que se faz presente, com sensação de realização e prazer, até além das expectativas.
Atenta-se que o programado nem sempre nos brinda com emoções arrebatadoras ou chances de buscar o diferente, o incrível...
O acaso não carrega a resposta do imediato, mas inevitavelmente o tempo impõe a verdade, e assim explica o que até então era mistério. Vamos entendendo aos poucos.
Quiçá, propósitos direcionados, individualizados, como peças de um quebra-cabeças...
A disponibilidade para novos eventos, e ações acerca disso, abrem outras e bem vindas oportunidades de renovar e mudar situações prementes.
Fortuna: encomenda do subconsciente, segredo da atração, intenções da consciência universal, ou então... DEUS, fostes Vós?
De repente, caminhos se cruzam, vidas se entrelaçam, acontecimentos se acrescentam, desatam-se os nós e se desfazem as pendências.
Seria um daqueles momentos quando a felicidade pede licença para entrar na vida? Ou os revezes do "destino", que acontecem e reformulam positivamente a história presente e futura? Males que vem para o bem...
Sim, tanto os bons ocorridos como os problemas inesperados, de certa forma, conspiram para nos ajudar, desde que acreditemos no benefício disto.
Não, não fique de braços cruzados!
É dono do seu destino aquele que abraça o acaso como oportunidade para trabalhar os seus desejos e realizar os seus anseios. 
Então novamente pergunto, DEUS, estais aqui ?
Espero que sim, planejando a nossa grande hora no "de repente"!

(TEGF)


domingo, 8 de fevereiro de 2015






















    Nasceu uma estrela

     SAUDADES, palavra linda que se encaixa em qualquer poesia, mas quando a sentimos na pele e na alma, ela fica tão comprida e demorada, fica tão sentida...
     Com ela está alguém que deixou uma fenda em nosso coração, e dependendo de quem, essa fenda não cicatriza, só se preenche (ou não)  pelo consolo das belas lembranças e momentos.
     Sim, existem pessoas insubstituíveis, imprescindíveis, e inexplicavelmente maravilhosas, cuja presença e momentos compartilhados são dádivas do céu, e dos quais nunca deveríamos ser privados. 
     Quando elas se vão, o tempo fica imóvel para se tentar receber o inaceitável. Só que a vida continua, mais sisuda e com menos graça, como se o mundo tivesse encolhido.
     Foi isso que aconteceu quando o nosso Márcio foi embora.



     Bem, o caminho é feito de glórias, conquistas, de alegria, tristezas e... de realidades absurdas, incoerentes. Mas não há como fugir e nem palavras de conforto que mudem a verdade. 
     A fé é um bom recurso, e talvez o único que suaviza a dor para uma mãe, um pai, um irmão. 
     Acho que a fé dá luz às trevas, alivia o sofrimento, consola o coração quebrantado.

*Para tudo há uma ocasião certa;
há um tempo certo para cada propósito
debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar,
tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir,
tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras
e tempo de ajuntá-las,
tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir,
tempo de guardar
e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar,
tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar,
tempo de lutar e tempo de viver em paz. 
Eclesiastes 3:1-8


     Mãe Tere, não sei o que dizer, tenho até medo de dizer, mas estamos aí...
     Eu, sinceramente, não tenho a pretensão de afirmar o que DEUS quer ou pensa diante de certas coisas, mas vamos acreditar NELE, na promesssa do Evangelho, na consciência do universo...
    
Este é o meu consolo no meu sofrimento:
A tua promessa dá-me vida. 

Salmos 119:50

    Faz sete meses que esse grande homem com o coração de menino, com alma de anjo, esculpido cuidadosamente por DEUS em todos os detalhes, passou para outro estágio, caso seja assim que aconteça. Um "estágio" de avanço espiritual, que talvez os comuns demorassem algumas vidas para atingir, mas que ele levou uma breve juventude para se transformar num pequeno mahatma .
     Não digo isso por ele ser do mesmo sangue, ou por ele ter passado por uma luta difícil pela saúde, ou em caráter de apenas mais uma homenagem pro forma. Digo isso, porque ele, de verdade, sempre alumiou o espaço de convivência que ocupava, e nos acariciava com a sua delicadeza existencial, tal qual um bálsamo.
     Tudo nele era especial :o sorriso, o olhar, as atitudes, as palavras, a bondade, a retidão, a inteligência, o profissionalismo, enfim, talentos variados que o tornavam uma exceção.
     Notadamente, DEUS leva esses primeiro.
     Existe uma legião de pessoas , que não me deixa mentir, e que testemunhou a vida exemplar e abençoada desse menino lindo, que sempre será celebrado e festejado no coração de muitos.
     Marcinho, uma luz incessante entre nós, e agora irradiada nas estrelas, no sol, no arco-íris, na lua, em nossos corações e pensamentos, o tempo todo!
     Hoje ele vive de forma indestrutível e inacabável,  como um guerreiro de DEUS, como um anjo que nos protege e nos abençoa!

     Meigo, modesto  

     Amável, amigo 
     Racional, risonho 
     Cândido, caridoso
     Incansável, inteligente
     Organizado, ofuscante
    
     Em nome de todos, um OBRIGADA ao nosso herói!! (TEGF)


domingo, 11 de janeiro de 2015




            
          Perdas necessárias, ganhos merecidos



     O fato de nascermos já é uma escolha da natureza.
     Vivemos fazendo opções alternadas com renúncias, numa ciranda sem fim : desde definir a cor de uma roupa, um prato\vinho em restaurante, um lugar para viajar, até as estratégias na prática profissional, que definem uma vida que está em suas mãos (no caso dos profissionais da saúde).
     Tudo é escolha, sobretudo viver além da sobrevivência.
     As perdas eventuais, devem ser processadas e aceitas, "coisas da vida ". Quem disse que algumas delas não são "livramentos"?...coisas certas que se escrevem por linhas tortas?  
     Bem, mas quantas vezes não queremos "tudo" sem ter que abrir mão de algo? "A máxima "quem tudo quer nada tem", acaba esfriando aquele entusiasmo.  
     Quando optamos por algo, já está implícito o valor que damos ao objeto, focando o interesse e o cuidado no mesmo, em detrimento do que deixamos para trás. 
     Em contraponto, quando algo que queremos se desvia de nós, independente do motivo, lutamos por aquilo, e se não for possível, amargaremos por pouco tempo, o suficiente para que floresçam novas perspectivas.
    E assim, nos abrimos para os presentes da vida, que nos abordam de forma sutil e surpreendente.
    Quanto aos nossos anseios e expectativas, existe diferença entre querer, precisar e merecer.  Quando algo se perdeu de nós, não há porque lamentar, certamente o que vier será por mérito ou ressarcimento da vida, em medida sacudida e abundante, se a semeadura tiver sido justa e honesta. A lei do retorno, da ação e reação, predominam na equação dos acontecimentos.
    Ainda sobre "escolher", isso geralmente nos lastima. Podemos deixar de ter algo que também apreciávamos, sem ter a certeza se foi certo renunciar. Mas há os que acreditam que um não pode ser um sim para algo maior.
    As realidades imediatas nos oferecem oportunidades para que cada momento seja bálsamo, lembrança ou aprendizado. Diante dos nossos olhos, são delas que dispomos agora, são delas que dependem a satisfação desse instante, a despeito do sim ou do não, a despeito de qualquer decisão.
   Perder para ganhar, ganhar para perder... só não se perca de você! (TEGF)








terça-feira, 2 de dezembro de 2014




   






 HAICAI X 7

 Atrás da porta
 a sobra da sombra
 da saia volante

 Na fresta uma festa 
 de raios e luzes
 deslizam na aresta

Um olho passante
espia assustado
a moça irritante

Menino levado
corre e despenca
assaltou a despensa

A noite cai
a casa descansa
e a porta se tranca

A lua se mostra
um clarão na janela
ilumina o rosto dela

O sol avisa, bom dia!
e coragem 
e boa viagem!



(TEGF)








sábado, 29 de novembro de 2014
























Disseste que sou...

A expectativa, a raiva, o bem querer
O problema, o dilema a resolver
O frio que congela os pensamentos
O calor que arde em sentimentos

Sou o incômodo que te acomoda
Um elo atômico, iônico
Ontem, hoje, por um tempo?
Não sei, somos mais do que um momento

Perdão, não quis isso para nós
Ora remotos, ora imediatos
Lá atrás, a nossa voz
Cingiu-se de um querer atroz

Eu sei, você sabe
No silêncio, na obscura dúvida
Pensaremos no amor perfumado
Ainda não condenado ?

Talvez eu mude de idéia 
Sobre tais sérias bobices
Mas tantas vezes no"eu te amo"
Jamais o amor foi tolice

Sim, foi serio, se ainda é não sei
Teimamos no desapego
Mas a fragrância de nós dois 
Cristalizou-se em segredo

Ainda que dispersos
Na essência já marcados
Somos alvor e pecado
Pela paixão açoitados

A minha alma é grata
Pelo que somos um para o outro
Mas pelo preço a pagar
Esse amor é melhor sufocar


Entre as linhas de um destino audaz
Na presença, ou ausência
Ou numa nova história a contar
É mais que certo, um final feliz haverá


(TEGF)



























domingo, 23 de novembro de 2014





        NÃO SABER É UM SABER DIFERENTE
       (saber ou não saber?)



   














         Eu sei (ou penso que)... às vezes não
       Perguntas transcendem
       Pensamentos em vão
       Vagas repostas acendem
     
       Imagens escuras
       Questões que provocam
       Na distração se deslocam
       Insana procura

       Olhando, não enxergo
       Quem sabe num lampejo
       Descubra o sentido dos versos
       No meu íntimo imersos

        Volvo, revolvo
        Raramente eu deixo
        O que se fala o vento espalha
        E o que fica, se não fica, desconversa

        Um galho se rompe
        Folha que cai, foge no horizonte
        Um dia eu tenho quase certeza
        No outro, dúvida ou franqueza

         Certa vez ouvi de um mestre
        "Não precisa saber de tudo!"
         Nem sempre saber eu busco
         Simplesmente chega num distúrbio

         (TEGF)




     


     
   


quarta-feira, 1 de outubro de 2014




A medicina, antes de tudo, não estabelece mas predispõe à cura, nem sempre garantida.






Praticar Medicina propõe que o profissional dê o melhor de si, dentro dos critérios científicos e preparo técnico. Não é possível prometer um desfecho perfeito no processo dual saúde x doença.
A afirmação hipocrática ”o médico cura”, e ouso questioná-la, é uma expressão não totalmente apropriada, ao meu ver. No fundo, penso que foi elaborada para valorizar a difícil e distinta profissão, dentro de uma árdua responsabilidade.
Curar é um termo que soa “um tanto sobrenatural” do ponto de vista prático e real. Convém ponderar que para que isso ocorra é necessário que existam uma enfermidade, um paciente ( um organismo com potencial de resposta), profissionais preparados, e um conjunto de elementos que ofereçam suporte para o tratamento.
Cada elemento destes deve exercer forças no mesmo sentido, como se fossem vetores, para que a resultante favoreça o paciente debelando a doença .
O “doutor” intervém com um arsenal terapêutico alinhado à cultura científica, visão clínica, e coordenando uma boa equipe multidisciplinar. Essas são as únicas variáveis que o médico consegue gerenciar. Sozinho não tem o poder de cura. Ele pode, sim, interferir na evolução da doença, erradicando-a ou não, nem que seja mitigando a dor e o sofrimento.






Isso vai de encontro às situações em que muitas vezes o próprio profissional sente-se impotente após o insucesso ou à perda, e não raro a sensação de uma "culpa" que não lhe pertence.
Médicos são humanos, portanto não são perfeitos. Óbvio que com um encargo muito mais desafiador e comprometido, em que a razão maior é fazer todo o possível para otimizar a saúde, e controlar o controlável nas enfermidades.
O resultado não pode ser garantido , mas o melhor deve ser oferecido, numa mentalidade de investir até a última gota do que é disponível para resolver o problema .
Basta estar saudável para adoecer, basta estar vivo para morrer, são processos naturais. Nem de longe, quem quer que seja pode atribuir um fardo tão pesado, acusando o médico de uma falha deliberada, quando ela não aconteceu.
Visando uma prestação de serviço humanizado, temos de considerar que não pode ser médico quem não foi paciente, ou não sentiu a dor e o sofrimento físico-emocional. É mistér colocar-se no lugar do enfermo, percebendo suas necessidades, e qualificando pontualmente o atendimento
Um dos fatores que favorece uma certa segurança ao prestador , e conforto para todos na circunstância do tratamento é o apoio da família do doente, bem como compartilhar com ela as responsabilidades, possibilidades e riscos de todo o processo. Atinge-se um ambiente de harmonia entre todos, e sempre os dois lados devem interagir para que tudo conspire à favor do sucesso.
O “doutor” chama-se "fulano de tal", e não JESUS CRISTO que assegura qualquer milagre.
Pela política na Saúde , precisaríamos de melhores condições para toda a sequência de profissionais envolvidos no atendimento à população, em níveis primário, secundário e terciário. Sem a devida composição -hospitais, leitos, especialistas e generalistas disponíveis dignamente tratados, aparatos necessários-não há como oferecer o melhor. São questões fora da alçada do corpo clínico. Seria da competência administrativa .
Sou grata por fazer parte de um respeitável time de profissionais, e interferir positivamente, na medida do possível, à favor do bem estar das pessoas. Minha equipe me ensinou e reforçou as melhores condutas, bem como os valores cardinais para exercer a atividade de forma digna e respeitosa. Os exemplos que vejo em cada um dos meus colegas veteranos me acrescentam e me aprimoram todos os dias.
(Thelma Eliza G. F)









domingo, 28 de setembro de 2014





CIÚME : ATÉ QUE PONTO?




Ciúme e flerte (Haynes King).

Quem nunca sentiu ciúme na vida, que atire a primeira pedra!
Acho que todos nós já tivemos medo de perder alguém, e portanto em algum momento, nos deixamos levar por esse sentimento.
Ter apego a alguém que conquistamos é natural, mas se isso ultrapassar os limites do tolerável e compreensível, comprometendo a convivência, a individualidade, a privacidade do outro, torna-se nocivo .
"Por sua natureza e seus efeitos o ciúme se aproxima da inveja. Porém, entre ciúme e inveja permanecem algumas diferenças. Na inveja sentimos que outros possuem um bem que desejamos para nós, enquanto no ciúme, defendemos um bem que julgamos nosso e que não desejamos ver partilhado com outrem. “(Pierre Charon)
O ciúme já percorreu todo tipo de contexto: Bíblico, mitológico, histórico e quase todas as situações do convívio humano.É igualmente descrito entre os animais mais desenvolvidos como os chimpanzés. Mas já percebi em cães também.
Ele pode estar presente:
- No trabalho, como alguém que esteja incomodado com a promoção que o outro recebeu, o salário maior ou alguma condição melhor que a dele;
-Na família, onde exista rivalidade entre os irmãos, ou mesmo na infância em que os mais novos ameaçam os privilégios dos mais velhos, por aqueles serem mais “protegidos”;
-Nas amizades, quando surgem “intrusos” que possam “roubar” a atenção do amigo, ou até o próprio amigo;
-No amor romântico, onde surge o ciúme por temor à possível infidelidade sexual ou emocional;
 Historicamente o ciúme foi analisado de várias formas e em vários momentos:
-Aristóteles: no século IV a.C., concebia o ciúme como o desejo de se ter o que uma outra pessoa possui. Era originariamente uma palavra boa, e referia-se ao desejo de imitar uma coisa nobre da outra pessoa. Nesta acepção, o filósofo pensava o ciúme em termos de uma nobre ‘inveja’.
- Santo Agostinho, no século IV, ainda fundamentado no legado bíblico do rei Salomão, que no século X a.C. advertia em seu salmo 109: “O amor é forte como a morte, o ciúme é cruel como o túmulo”, concebia o ciúme como algo desfavorável à boa vivência do amor.
- François de La Rochefoucauld, séc XVII, escritor clássico e moralista francês , reconhecia no ciúme uma tendência egocêntrica ao dizer: "No ciúme, há mais amor-próprio do que amor". O autor ainda identificava o amor como substrato para a gênese do ciúme: "O ciúme nasce sempre com o amor, mas nem sempre morre com ele".
- Freud, século XIX, Alemanha, o ciúme era concebido como um estado emocional.
- Stendhal, século XIX ,França, o ciúme tinha uma conotação negativa e estava atrelado à vaidade: “O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar-nos a suportá-la”. Ainda segundo Sthendal, ciúme romântico é um dos grandes males em que há um complexo de emoções, diante da ameaça em perder a exclusividade do parceiro.


 

 ( O parceiro que provoca ciúmes no outro mostra imaturidade e insegurança de sua capacidade de conquistar ou manter o outro, sem usar recursos bobos como esse. É como se ele se sentisse "o tal", a última bolacha do pacote. Quando se gosta de fato, a relação é de tamanha cumplicidade e verdade, que os outros é que ficam com ciúmes do casal.)

Referindo-se ao amor romântico que é a circunstância mais comum, a impressão conceitual que se tem é que em sendo uma emoção complexa, o ciúme pode estar fundamentado num receio real ou fantasioso da existência de um(a) rival(a).
Até hoje alguns o encaram como um sentimento, e outros como uma emoção negativa ou até aversiva. Mas ainda há os que dizem, como insinuou-se no início, que é uma manifestação biológica inata, a fim de garantir um provedor para a prole, no caso do gênero feminino; e a propagação dos genes, e conseqüentemente a perpetuação da espécie, sobretudo para o gênero masculino. Explicação científica, mas pouco prática....
Independente do ciúme ser inato ou aprendido, benéfico ou danoso, ele é fundamentalmente egoísta à medida que seu possuidor se comporte conforme a sua conveniência, tolhendo os direitos da pessoa a ele vinculada.
O que dá uma falsa liberdade ao ciumento é usar o artifício do amor e do altruísmo, como disfarce para ter autoridade em interferir na vida do parceiro. Mas sabemos que o ciumento ama mais a si mesmo do que o outro.


 
 o excesso tira o encanto da relação

Existem diferenças entre homens e mulheres quanto aos motivos que os levam ao ciúme.
Apoiado pela cultura machista, o homem se justifica na traição sexual baseado na desculpa do “impulso testosterônico”. Sabe aquele papo infame?  ”Querida, não significou nada, só transei com a fulana como se fosse "tomar sorvete". Pois é, e chega a virar um herói “pegador” diante dos "amigos", conforme a quantidade de casos e “mal- feitos bem feitos”. Nessa toada, ele será induzido ao ciúme, por pensar que a sua parceira possa ser assediada por tipos como ele, ou até reproduzir o “procedimento” a seu exemplo, mesmo que ela nunca tenha lhe dado motivos para tal receio.
Já as mulheres, se apenas insinuarem algo parecido, mesmo que tenham motivos coerentes (como estarem numa relação ruim, infelizes ou por terem sido traídas), levam a tarja do adultério, além de todos os diminutivos morais e impropérios, segundo a perspectiva dos hipócritas, e falso- moralistas. Tremenda desigualdade.
* Jogar limpo e tentar resolver uma crise de relacionamento, às claras, são sempre as melhores alternativas. A verdade, por pior que seja é libertadora. Traição e mentira são atestados de burrice !
Se não gostar mais, se não está feliz, parta para outra, seja honesto principalmente consigo. Quem trai o parceiro, trai a si mesmo antes de tudo, e cava o próprio buraco. A não ser que a outra parte seja passiva à traição, e viva na hipocrisia. Sem dignidade...sem comentários.
Geralmente os que desconfiam de tudo e de todos, é porque não confiam nem em si próprios, com base no que são capazes de cometer. Aí projetam nos demais, as suas inseguranças em forma de possessividade, truculência, chantagem e tirania.
As mulheres podem ter ciúme por várias razões, principalmente se já tiverem sofrido decepções reais.
* Geralmente, quando elas desconfiam, há fortes motivos. As mulheres conseguem pressentir e sentir o comportamento sintomático do parceiro infiel.
Dizem que o ciúme feminino é pela traição emocional, mas a opinião geral diz que a traição sexual é tão desagradável e dolorosa quanto a afetiva.
Aliás qualquer mentira e enganação é abominável...repúdio total !
Reforçando a idéia inicial, uma dose de ciúme tem cabimento, enquanto se configura em zelo, afeto e cuidado. Mas quando passa a sufocar, cercear, incomodar a liberdade mínima de ir e vir, invadindo a personalidade, moldando as vontades, as atitudes e até os pensamentos do outro(a), passa a ser tóxico, destrutivo, devastador.
As tempestades de suspeitas e falsas acusações são desrespeitosas, inundam o espaço da naturalidade e tornam o relacionamento inviável. Era uma vez o encanto.
Existem maneiras de controlar o ciúme, principalmente se houver respeito, amizade, segurança de si mesmo, e intenção sincera de estar bem com alguém, almejando a felicidade à dois, e não só a pessoal, que visa  interesses próprios.
Valem demais o bom senso, o respeito à individualidade, entendendo que o que precede o sucesso de uma parceria é o direito de exercer o seu EU. Com este Eu, vem todas as necessidades de uma pessoa que precisa ser plena, completa, inteira, antes de ser parte de uma dupla.
Essa história de “metade da laranja” é coisa de faz de conta, não de necessidade legitima. A realidade consta que: um + um = dois !
Moral da história, parafraseando o poeta, devo dizer: “Dê asas a quem você ama, se ele(a) voltar é porque você o(a) conquistou verdadeiramente !
Portanto, caros amigos, a todos a que lhe são impostas chantagem e pressão, comportar-se-ão como batata cozida : aperte-a e ela escapará por entre os dedos....
O que realmente cativa e assegura cumplicidade e lealdade, são: amizade, amor, admiração.
(TEGF)




       O amor dá liberdade para o outro ser feliz.


sábado, 20 de setembro de 2014

VIDAS SUFOCADAS

                                                         




                                 Do artista eslovaco Martin Hudacek : memorial das crianças não nascidas 

                                         "O grito dos inocentes"

  ''Todos os ativistas que defendem o aborto, nasceram e estão vivos'', como disse certa vez Ronald Reagan, em uma de suas falas. Eis um tema inquietante. 

    Seria a decisão do aborto provocado (ou induzido) um sintoma da falta de coragem ou de dignidade, da falta de ética ou de espiritualidade, ou da miséria social que o sistema impõe a tantas mulheres ???

    Quem sou eu para julgar os feitos? O desespero leva as pessoas a cometeram atos impulsivos e impensáveis. Todavia, como profissional da saúde, as minhas convicções e consciência me induzem a discorrer um pouco sobre o assunto.

    No Brasil, em função do risco dos procedimentos clandestinos causando mortes maternas, já existe a lei que garante o atendimento das pacientes via SUS, que necessitam fazer aborto em caso de estupro ou anencefalia. As mulheres em condições econômicas favoráveis conseguem interromper a gravidez com especialista. É um mercado muito lucrativo (apesar de execrável), que gerou o documentário "blood money".

    Nos países de terceiro mundo, o "feticídio" deixaria de ser um problema de saúde pública, se a prevenção começasse com a educação e formação completas, acessíveis a todos desde a idade escolar, complementada com projetos sociais eficazes. Uma sociedade esclarecida e educada tem mais condições de organizar o bem estar do cidadão, e realizar um bom planejamento familiar, neste contexto.

    Além das complicações clínicas possíveis, que inclui o risco de óbito, a maioria das mulheres mentalmente sãs, que se submetem à curetagem abortiva, evoluem com sequelas psicológicas quase eternas, e um vazio na alma. Decidir pelo aborto é uma péssima idéia para a saúde feminina, bem como para o contexto familiar e social. Ele rouba o destino de todos os envolvidos.
    O aborto é um procedimento criminoso, uma forma de holocausto, segundo o Dr. Bernard Nathanson (o rei do aborto), que impediu 75 mil crianças de nascerem. Posteriormente, após o advento da ultrassonografia, ele tornou-se ativista à favor da vida.
    Em se sabendo que a vida começa na fecundação, podemos dizer que abortar é como se você tivesse um filho, com quem conviveu desde o nascimento, e depois de um tempo (6 anos de idade, por exemplo) empunhasse uma arma e atirasse contra ele.
    É concebível moral e\ou judicialmente matar um filho? Vamos refletir?
    O corpo da mulher é coadjuvante da fecundação e receptáculo da incubação. Tanto que bebês podem ser fertilizados "in vitro", e implantados em outro ventre. Portanto, o produto da concepção é um ser com direito a viver, e não parte ou propriedade do corpo feminino.
    Quantas dezenas de milhares de mulheres que sonham e lutam para terem um filho, injustamente não podem gerar, enquanto outras tantas querem se "livrar" ?

Cada aborto gera o choro dos anjos 

    Independentemente de opiniões, tudo o que se colocou aqui é a verdade corroborada por fatos.
    A vida é um valor absoluto. A medida de grandeza do indivíduo vai além da sua funcionalidade e utilitarismo. Mesmo que se torne improdutivo e perca a sua autonomia, o ser humano detém um valor pleno e essencial, por ser reflexo da Criação, de algo infinitamente maior, segundo a percepção filosófico- teológica.

    Vale lembrar diariamente, que existir e viver são bençãos.       Sejamos gratos por isto, inclusive propagando a idéia contra a interrupção de uma vida inocente. Vamos realmente ficar inertes ante a iminente descriminalização do aborto? O STF vai declarar isto sem revelia? Que legado vergonhoso seria!

    Oro (e peço união em corrente) para que o nosso país seja salvo da escuridão moral, social, econômica (dentre outras instâncias) que vem assombrando a vida do brasileiro desde há muito tempo; agora de forma devastadora (ou seria apocalíptica ?). Muitos, inclusive a que vos escreve, estamos à espera de um milagre .

   Finalizo este escrito aos presentes leitores, e aos que defendem a vida, insistindo que ouçam a súplica de um anjo:" Mãe, por favor, deixe eu nascer! ?!?" (TEGF)












            OBS :TEXTO ESCRITO EM 2014, ATUALIZADO EM SETEMBRO DE 2023